sábado, 24 de abril de 2010

O não na forma como aprendemos a "andar"

Ensinemos os nossos filhos a partilhar, a conhecer outras realidades, a amar. Porque amor e as relações que estabelecemos ao longo da vida são o que melhor levamos desta, são o nosso combustível diário.
Vamos partilhar, vamos permitir que outros entrem na nossa vida, vamos amar e deixar que nos amem. Quem se fecha ao mundo tranca-se na pior das prisões, perpétua assim o deixemos.

Quem seríamos nós sem a família, família biológica, família de amigos, família de afectos, pessoas que em alguma altura entraram na nossa vida e se tornaram parte inalienável dela? NINGUÉM.

Porque não dar o direito a estes meninos e meninas de conhecerem esse amor, só pra eles?

Pessoalmente sem a minha familia não seria ninguém, sou daquelas pessoas que nem pode um dia sonhar em emigrar porque morreria de saudades ainda na viagem, vivo de amor, alimento-me da partilha. Dou a mão quando ela é precisa, dão-me a mão quando estou em queda. Dizem-me não quando não é o que tem de ser ouvido.
Há que ser corajoso para aceitar um não, para processar toda a frustração que ele traz e aprender a lição. Em pequenos fazemos birra, choramos, batemos o pé. Na adolescência gritamos, ofendemos, pensamos que o mundo se virou contra nós. Em adultos aceitamos, percebemos as vezes que tivemos de contrariar o não para vencer e as vezes em que o ignorámos e sofremos demais.
Alguém que nos diz não tem de estar bem seguro do amor que sente para o fazer, pois não nada mais dificil que ir contra os desejos e ambições de alguém, que fazer alguém ver que o que pensa está errado, desviado da realidade. agradeço à vida todos os nãos que me deu, mas agradeço apenas agora, apenas aos 27 anos e depois de ser mãe consegui perceber que tudo tem uma razão de ser e que a vida é o que quisermos que ela seja e às vezes o não na altura certa tirou-nos de um caminho que alteraria a nossa vida para sempre ou então deu-nos a força para afirmar as nossas convicções e lutar para provar que um não pode estar errado.
Ensinemos aos nossos amados que na maior parte das vezes quem diz sempre que sim não nos ama, não se preocupa com o que acontece se algo correr mal, apenas nos quer agradar. Aprendamos que a vida não tem de ser difícil mas que a felicidade, excepto em casos tocados pela sorte dos deuses, não se constroi pelos caminhos mais fáceis.

Acho que muitos jovens de hoje precisam de conhecer as dificuldades, vivem num mundo em que os pais procuram compensar toda a ausência e dificuldades com facilidade, permissividade. Não, isto não cria respeito, isto não lhes mostra a vida verdadeira, há que saber que nem sempre o dinheiro chega ao fim do mês, que nem sempre estamos bem, mas que não desistimos. Há que explicar que os ténis de marca nao afirmam ninguém, as atitudes sim, o respeito sim, a humildade sim, e estes poderão ser aliados preciosos num futuro cheio de dificuldades.
Chega de culpar professores e más companhias por todos os males, toca a arregaçar as mangas e dar o exemplo e as bases de um ser humano respeitável e respeitador em casa. Vamos a isso!

Não podemos impedir ninguém de cair, não para sempre. Deixar cair implica que a pessoa aprenda a levantar-se, tal como um bebé que aprende a andar. E lá estaremos para lhe dar a mão assim que este se queira levantar :)

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