quarta-feira, 21 de abril de 2010

Amor

Amigos, aqui ficam uns pensamentos que estive a escrever agora mesmo. Veremos no que dá, é para continuar!
Leiam e pensem:

"Hoje vou permitir-me ser feliz. Vou propor ao mundo que pensemos uns nos outros e não apenas em nós, propor a todos que guardam o seu amor só para quando é oportuno, politicamente correcto a dar, dar o que possam, partilhar!
Numa altura da minha vida o destino fez com que passasse um dia de estágio, sim um único dia, aliás, uma unica tarde num lar da Misericórdia. Com crianças que, pelos mais diversos motivos, estavam impedidas de estar com os seus pais ou familia. Algumas esperavam a adopção, para outras tratava-se de uma situação provisória mas não menos sofrida.
Nessa tarde houve discussão por um abraço, birras por um colo e choro quando me ausentei para beber água pois pensaram que mais uma pessoa tinha partido sem dizer adeus.
É tão facil dar amor a quem não merece, chegamos a sentir paixão por um carro, um telem
óvel, algo material, porque não o partilhamos com estas crianças? Porque não?
Chorei muito depois de sair de lá, nenhuma daquelas crianças pedia mais do que tinha, nada, apenas beijos e colo, os brinquedos, a tv e tudo o resto não interessavam sequer. As pessoas que com elas trabalhavam desdobravam-se para lhes dar o máximo de normalidade possível, para que participassem nas visitas de estudo até quando, quase de forma sarcástica, eram avisadas pelas educadoras de que "cada menino terá de ter uma mochila so para si". E tiveram, as pessoas do bairro e os logistas uniram-se, todos tiveram uma mochila.

Agora um exercício: olhe para o seu armário e dos seus filhos, de certeza que encontrará um par de sapatos e uma cor para cada ocasião. Pois bem, nestes lares recebem-se donativos de sapatarias, anónimos etc. e a única coisa que é escolhida é mesmo o número, os meninos aproximam-se das responsáveis e juntos procuram o par do seu tamanho, esse sim ditará o modelo que irão usar.
Podem pensar que são apenas bens materiais, é verdade, estes meninos tem um lar pacífico, roupas, sapatos, caminhas, brinquedos e educação. Tem um lar mas falta o amor, que por mais que as pessoas que lá trabalham tentem dar é sempre pouco. Afinal, o que são cerca de 4/5 pessoas para 20 crianças?
Vi muitas provas de amor, de pais que por falta de condições tiveram de abdicar da presença dos filhos em casa para que não lhes faltasse nada, mas que ao fim do horário escolar começavam a tocar a campainha para os acompanhar nos trabalhos de casa diariamente, lhes darem um beijo. Apesar de tudo, na hora de dormir estes meninos e meninas deitam-se sozinhos, sem o colinho familiar de uma mãe, aquele cheirinho que só as mães tem e a beleza que só elas irradiam mesmo quando estão exaustas e descabeladas ao fim de um dia de trabalho.
As maiores dificuldades em dar um lar a estas crianças são a sua idade, como passam dos 3 anos passaram a "validade" para serem desejáveis por quem as queira adoptar. Outra dificuldade são os irmãos, que não podem ser separados. Mas há tanta gente a sonhar com um filho, com tanto amor para dar, temos de pensar : queremos amar um filho ou queremos apenas um bebe? a idade é assim tao importante? Diminui o desejo e amor? Os filhos que adoptamos bebés irão crescer e esse crescimento é tão imprevisível como o de qualquer criança em qualquer idade, nãoé por serem mais velhas que será mais problemático, será? Quantos pais biológicos não tem relações complicadas com os filhos? O que falhou?

E para quem não pretende adoptar e tem possibilidade de partilhar o seu amor com mais alguém que tal pensar em apadrinhar uma destas crianças, basta informar-se na Santa Casa da Misericórdia e seguir as indicações, poderão ir buscar a criança aos fins de semana, passar férias com ela, tudo acordado com os lares e tutores, mas sempre pensando na responsabilidade que isto implica porque estas crianças estarão à sua espera, contarão as horas para o momento combinado e não podem viver mais desilusões, não merecem. "

Beijos

Ana

1 comentário:

  1. ola ana ...passei pelo teu blog e fiquei muito surpreendida com a tua evolução espiritual. este seu post é fantástico, mostra uma sensibilidade e sentido de camaradagem fantastico. infelizmente para mim vivo longe de lares pois se pudesse gostaria muito de fazer voluntariado nessa área, pois no nosso pais, tanto as crianças como os nossos velhinhos são tratados como lixo e abandonados em lares e intituições como se fossem descartáveis.
    as crianças são taratadas como uma lata de conserva na parteleira de um supermercado, se tiver mais de tres anos passa de validade e ja não serve para consumo.
    acho que os nossos governantes haviam de visitar o verdadeiro portugal e perceber a pobreza, a hipocrisia e as desigualdades que existem neste pais.
    continue a escrever.
    deixo-lhe sorrisos e muita força
    lara carvalho

    ResponderEliminar